Em 31 de dezembro de 2013 por Elaine Azevedo
O final do ano é sempre especial, festivo, melancólico, saudosista, surpreendente… Depende do ponto de vista de cada um e do momento que se vive. O que se espera de um final de ano? O que se deixa em um final de ano? Perguntas ansiosas deixam a certeza que o final de ano é sempre um bom momento para rever a vida e os sentimentos.
No final do ano esperamos fogos de artifício dentro da gente. Esperamos beijos, abraços, brindes e taças de champanhe. Esperamos que nasçam sonhos e planos apaixonantes. Desejamos que o ano novo seja melhor do que o ano que se despede, mas que o que foi bom siga em nossa companhia.
Nos últimos dias do ano nos tornamos mais otimistas, mais fraternais, mais amorosos, mais humanos. Esperamos que os últimos dias sejam decisivos em nossas vidas, que eles nos tragam tudo aquilo que perdemos, que devolvam a nossa alegria e que nos dê um pouco de paz e paciência. Queremos resgatar em poucos dias a felicidade que nos foi roubada nos dias anteriores, ou, desejamos ardentemente que os bons momentos sejam perpetuados em nossa pele, em nossa memória e em nossos melhores dias do ano que está prestes a se romper.
Nos últimos dias do ano contabilizamos cada momento vivido e não vivido. Sussurramos em nossos próprios ouvidos textos que seriam melhores se tivessem sido falados na hora certa. Pensamos em como poderia ser tudo diferente se uma palavra não tivesse sido dita no afã da emoção. Pensamos nos beijos que não foram roubados e nas palavras de amor que foram engolidas com medo de serem rejeitadas. Profeciamos que nenhum dia é igual ao outro, mas pouco fazemos para que ele seja realmente inesquecível. E os dias passam e a gente fica com um nó garganta, com um choro retido e com o orgulho ferido.
No último domingo do ano, pensei na minha vida. Procurei palavras, mandei mensagens virtuais, escrevi recados de amor e mágoas, pedi aos céus proteção e harmonia para os homens, tomei um drink e quando o sol se despedia dei um mergulho mar de águas calmas e azuis. Banhei com água salgada as reminiscências de um grande amor. Lavei a alma e com os olhos marejados desejei que o ano que termina levasse, mas trouxesse de volta o que ainda tem que ser compreendido, vivido e amado. No último domingo do ano o vento anuncia a chuva e um cheiro de coisa boa no ar invade a janela do quarto onde escrevo. Lá fora a vida passa, o tempo passa e pena que nem todo mundo pensa e vive assim.
Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 2013.
Elaine Azevedo