Em 14 de março de 2015 por Renan Menicucci
Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Renan! Ser Menicucci na vida. E aqui estou eu sendo componente de uma das mais tradicionais famílias da minha pacata e saudosa Carangola.
Não lembro muito bem como meus tataravós vieram parar aqui. Se eu não me engano, saímos de uma cidade do norte italiano chamada Legromigo in Piano, fomos para o Sul do Brasil, depois para Lavras, MG, e por fim, nos apossamos de Carangola e lá nos fizemos.
Sempre tive o maior orgulho de assinar este sobrenome erroneamente pronunciado por carangolenses e confesso que não foi em vão. Ser um Menicucci me diferenciou de tantos outros Renans Ferreiras e Souzas. Eu , por benção divina, sou um Renan que é Menicucci.
Quando encho o peito para falar dele, as pessoas sempre o associam a três fatores: o tom de voz alto, homens chorões e mulheres de aço e a nossa culinária. Sim, a nossa massa é disparadamente um dos melhores pratos que se pode comer em Carangola.
A história acerca de nossos macarrões, lasanhas e pizzas se confunde muito com a história da minha cidade e não há carangolense que não tenha um caso para contar vivido em nosso bar. Meu bisavô Atrante Menicucci que presenteou a cidade com o primeiro estabelecimento que vendia nossa massa, além da fábrica de vinho que tínhamos dentro de casa.
Depois, o bar passou para as mãos da inconfundível Ângela Menicucci, para mim e só para mais três: vó Ângela. Em noites viradas, vendia macarrão de forma avassaladora e com isso sustentou os filhos. Anos mais tarde, o bar passa para as mãos de seu irmão mais novo, Atrante Menicucci Júnior. Para mim e para mais uma porrada de sobrinhos de sangue e emprestados: Tio Junim, o tio-primo. Junto com a sua esposa Lolô, oferece até hoje a maior divindade que Carangola pode ter.
Estamos ali, na rua Doutor Olimpio Teixeira, num simplório estabelecimento que guarda uma riqueza diferenciada. Ali me criaram e criaram muitos outros antes de mim. Frases gritadas como “brinca longe do forno, menino!” marcaram a minha infância e por isso o queijo derretido tem o cheiro da aurora da minha vida.
Então, se você está passando por Carangola não pode deixar de se presentear, por exemplo, com nosso o Canelone a la Menicucci (por favor, Carangolenses, leiam/falem MenicuTI).
A massa feita por nós é um patrimônio imaterial, o queijo que repuxa o presunto levemente banhado pelo molho A La Menicucci é uma das melhores iguarias que a cidade pode oferecer ao nativo e ao turista. Podem acreditar! Palavra de Menicucci! Fico rezando para que fiquem sobras nas travessas das mesas para que eu possa comer depois que o cliente vai embora (acredite, isso é verdade!). Mas raramente sobra algo…
Muitos podem dizer sobre a demora, porém personificamos o ditado que diz que a pressa é a inimiga da perfeição. Queremos fazer perfeito e isso nos custa tempo. Vale a pena esperar.
Se eu posso indicar um prato nosso, com certeza recomendo o Canelone e o Talharim com uma Coca-Cola bem gelada.
Em um ambiente bem família você pode entrar na parte mais intrínseca de Carangola e reconhecer a essência de sua gente. E nada se compara a uma conversa com um Menicucci. Experimente-nos!
zenith de oliveira magalhaes
21 de março de 2015
Acompanhei essas massas através dos tempos . Atrante , que papo gostoso e que delícia de pizza ! Saudades da D. Eutília ! Família alegre , comunicativa ,cheia de vida !Bons tempos ! Boas lembranças !