Em 28 de novembro de 2011 por Jana Coimbra
O Palhaço, que foi muito bem recebido pela crítica nacional, coloca Selton Mello em um patamar notório no cinema brasileiro. O segundo filme do jovem ator e produtor, que já foi assistido por mais de um milhão de pessoas, tem lotado as salas de cinema e emocionado muita gente. No final das sessões, a satisfação do público é visível, seja pelas lágrimas ou pelas gargalhadas.
Simples, palavra que encontrei para descrever o longa, que trás a tona a cultura brasileira através do mundo circense e nos ensina sutilmente sobre a simplicidade de ser feliz. A fotografia do filme nos remete ao passado, mas as histórias retratadas no longa é a realidade de muitos circos que viajam pelas estradas desse Brasil afora. Impressionou-me a construção de imagens tão belas, com um cenário formado apenas com os objetos do cotidiano de artistas circenses. Nada de muito luxo, o sol deu o brilho nas imagens e a riqueza maior é a moral da história.
Na pele do palhaço Pangaré, Benjamin (vivido por Selton Mello) perambula por aí sem identidade, CPF e comprovante de residência. Junto com seu pai e com todo o elenco do Circo Esperança, eles viajam pelas estradas de terra e se apresentam em pequenas cidadezinhas para pessoas humildes. Porém, Benjamin foi se cansando de carregar na sua fantasia de palhaço todos os problemas do Circo e não via mais sentido em fazer graça para os outros se lhe faltava alegria. Assim, o palhaço que sonhava em ter, além de outras coisas, um ventilador, entra em uma crise existencial e desiste do picadeiro, indo à procura das respostas que precisava para si mesmo.
Ele tentou se encaixar em moldes de uma sociedade já pronta, que não eram os seus. E quando ele dá a sua vida o rumo que ele achava que iria satisfazê-lo, aquilo tudo perde o sentido. De que adiantava ter um CPF em mãos, um trabalho “normal” (se é que os anormais existem), roupas como as de padrão, se o que a vida queria para ele não era aquilo? Nesse momento, o que mais fazia sentido a “Benja”, como era chamado pela trupe do Circo, era seu ventilador, que mais tarde, quando ele descobre de fato sua felicidade, também se torna desnecessário.
Uma história simples, que além do humor, levou o “respeitável público” a refletir sobre a vida. Nos fez pensar em valorizar e reconhecer o que vivemos. Mostrou a importância de ir atrás da nossa felicidade, da felicidade que temos em mente, que achamos que vai nos satisfazer, que sonhamos. Ir atrás nem que seja para descobrir que éramos felizes e não sabíamos. Mas ir, porque essa busca liberta, traz aprendizado, paz e faz com que nos descobrimos. O gato bebe leite, o rato come queijo, e ele é palhaço. Você é o que?
Quantas pessoas vivem uma vida que não tem a ver com sua essência, e vão se perdendo sem ter a humildade de voltar a atrás ou começar algo novo? É exatamente sobre a audácia dessa busca e a simplicidade de uma felicidade verdadeira que o nariz vermelho do palhaço tenta nos ensinar.
Jana Coimbra
nydia
22 de dezembro de 2011
Liiiiiiindooooooo.
Parabéns