Em 10 de setembro de 2012 por Jana Coimbra
Durante o período colonial, em que o Brasil esteve dividido em Capitanias Hereditárias, a área geográfica de Carangola esteve incluída na Capitania Hereditária do Espírito Santo.
Em 1627, o governador do Rio de Janeiro, Martim de Sá, concedeu as primeiras Sesmarias, no vale dos rios Pomba, Paraíba e Muriaé, até a zona sudeste de Minas Gerais na região atual da Zona da Mata. Os sesmeiros dessa região, entre Campos dos Goitacázes, Macaé e Carangola, foram os irmãos Gonçalo, Manuel e Duarte Correia de Sá.
Com a criação da Capitania de Minas Gerais, no início do século XVIII, a criação das três primeiras vilas, para constituir os centros de três grandes jurisdições territoriais, a Vila do Ribeirão do Carmo (atual Mariana) ficou abrangendo a área geográfica constituída pelos sertões dos rios Pomba, Doce, até o Cuieté, o que incluía toda Zona da Mata. Portanto, primitivamente, a área geográfica de Carangola pertenceu a Mariana.
Ainda constitui uma incógnita, se algum aventureiro ou bandeirante, esteve ou mesmo passou por Carangola durante o século XVIII. Nos mapas da Capitania de Minas Gerais, de 1780, já consta o Rio Carangola com esse nome. O traçado ali delineado demonstra que o cartógrafo tinha conhecimento exato do curso desse rio. A dúvida reside porém, é que durante o século XVII a Zona da Mata era interditada à exploração econômica. Constituía a chamada “Zona Proibida”, para evitar o contrabando de ouro, produzido no centro da Capitania. A medida governamental visava obter um controle, de forma que o ouro ecoasse para o Rio de Janeiro, somente através do Caminho Novo. Havia, inclusive, vigilância para evitar penetrações.
Mesmo assim, algumas penetrações foram empreendidas por ordem de alguns governadores. Duas dessas, entretanto, aproximaram-se do Vale do Rio Carangola. Em 1734, Matias Barbosa da Silva, o grande explorador atingiu as Escadinhas da Natividade, fundando então o Presídio de Abre Campo. Dessa forma, um núcleo povoado foi instalado a menos de 06 metros do Córrego da Pimenta, nascente do rio Carangola.
Em 1781, o governador Dr. Rodrigo José de Menezes, tentando alargar o Campo das Minerações, partiu com soldados e escravos para um local onde acreditava ter “ouro em boa conta”, e chegou até a atual cidade de Araponga. Ali galgou a Serra dos Arrepiados (tribo indígena) e em seguida fundou o Arraial dos Arrepiados, concedendo sesmarias e datas minerais, para 400 requerimentos. Concedeu ao sargento Mór Antônio Veloso de Miranda, profundo conhecedor da área, a regência daqueles sertões. Ao padre Manoel Luis Branco ordenou que fosse fazer experiências do outro lado da Serra do Arrepiados. Dada a pequena distância é provável que o Padre tenha chegado até Fervedouro e São Francisco do Glória.
Além de Araponga e Abre Campo, o único local próximo habitado era Santo Antônio dos Guarulhos (atual Guarus/ Campos-RJ). Dado o sertão existente, em terreno acidentado e coberto de matas, é um enigma a ser descoberto como o cartógrafo tomou conhecimento do curso do Rio Carangola e porque o mesmo já possuía a denominação atual em 1780.
Fonte: Gazeta de Carangola