Em 5 de março de 2012 por Elaine Azevedo
“NESSA CIDADE É QUE MORA AQUELA TAL DA ALEGRIA”
Os versos são do meu amigo João Francisco, músico, poeta e criador do nosso “Frevo Mineiro”. Suas canções carnavalescas carangolenses invadem as ruas da nossa cidade e não deixam um folião parado. Uma mistura de alegria e emoção toma conta do povo que canta e reverencia a cidade de Carangola. É sempre assim, desde 1980. Cresci ao som do Tá Quem Guenta no Carnaval. Inesquecíveis cenas daquele caminhão na rua Pedro de Oliveira habitam a minha memória carnavalesca. Um caminhão que carregava músicos e instrumentos contagiando os corações daqueles que desciam a rua cantando e pulando. Um carnaval irreverente, simples e muito pessoal. Surgia ali um som e uma música feita para Carangola, para o seu povo apaixonado e para sempre.
Passar os dias da folia na cidade do interior mineiro é sinônimo de muita agitação. Festas, bailes no clube, matinês, blocos, churrascos, feijoadas e o carnaval de rua reúnem velhos e novos amigos. É uma festa acompanhada de boas lembranças. É impossível não gostar e não voltar novamente. Os visitantes são a prova de que o nosso carnaval reúne bom gosto, animação e muita gente feliz! É uma festa agregadora. Famílias, crianças e jovens reconhecem que é em Carangola que “mora aquela tal da alegria”. Adoro quando ouço esse verso das minhas amigas, ele já se incorporou nas nossas conversas, já faz parte da nossa vida.
Nossa “cidade do auê” nunca perdeu a sua identidade carnavalesca. “Toda cidade tem um personagem que faz história e deixa saudade” e a nossa tem célebres discípulos do Rei Momo: Ismael Meirelles, o nosso eterno “Rei”, Alcides de Oliveira, nosso Baiano folião e muito mineiro, Carlile e sua High Society vermelha e branca, o amarelo e preto do Bloco do Leão, Mariah e a sua verde branca Unidos do Triângulo e o preto e branco da Unidos do Santo Onofre… Era a época dos desfiles das Escolas de Samba! Eu ainda criança brincava na Pedro de Oliveira com as espirradeiras, que esguichavam água nas pessoas fantasiadas de alegria. Mais tarde veio a época dos bailes no Tênis e no Campestre. Muitos blocos de fantasias, muitos confetes, serpentinas e beijos apaixonados rodopiavam os salões. Na casa de shows Girassol, Zé Roberto Barroso e Manoel Leal comandavam os desfiles do Gala Gay. Plumas, paetês e irreverentes candidatos traziam brilho e alegria na sexta-feira de carnaval. Na rua acompanhei o Zé Papuça, “puxando a fila atrás do Boi-Pintadim”, cortejo que atraia foliões de todas as idades. Memoráveis cenas do Louzada e a sua Cobra Mandada no carnaval fazem parte do repertório daqueles que amam os três dias mais animados do nosso calendário. E tem muito mais! Os homens vestidos de mulheres são personagens habitués da nossa festa. O Bloco do Baba sempre vestiu as mulheres mais audaciosas, engraçadas e exageradas do imaginário masculino. Meu amigo Zé Ricardo com suas unhas pintadas, suas perucas e seus muitos anéis veste as mulheres mais encantadoras da farra na Polar. O encontro dele e do Negrula é a graça do meu carnaval.
“É carnaval e toda a cidade se agita”. Com saudades do nosso carnaval embalado pelas marchinhas, ressurge em nossa cidade o bloco de rua. Em uma reunião de amigos, Beto e Elisa abraçam a ideia e tira a marchinha da mesa do bar: o nome não poderia ser mais sugestivo: Carangola Bão Dimais. O carnaval voltou à sua passarela oficial: rua Pedro de Oliveira. Pulando, arrastando os pés com os braços levantados para cima e até sambando, o bloco segue a Pedro ao som da Lira 21 de Abril comandada pelo mestre Cidinho. Pelos paralelepípedos, mascarados pulam os seus primeiros carnavais e no Trenzinho da Alegria seguem as crianças e os eternos foliões que independentemente da idade não deixam o carnaval partir de suas vidas. Uma alegria arrepiante que só sentem aqueles que amam a sua terra e o carnaval.
Todo carnaval tem seu fim, mas a alegria não morre com as cinzas da quarta-feira. A cidade se despede da folia deixando saudades e promessas de mais um carnaval. Na hora de partir faço a mala: nela levo máscaras, boás, colares e muitas recordações. Levo cenas de um carnaval colorido pelos amigos e levo beijos do meu eterno folião. Sigo feliz. Carnaval para mim vem de dentro para fora. Está na alma, está no dia a dia. “Hoje a alegria dura o ano inteiro”. É sempre carnaval onde nós somos queridos e bem-vindos. “Carangola é Bão Dimais! Eu aqui sou tão feliz!”
Elaine Azevedo
Belo Horizonte, 28/02/12
Hélen Queiroz
5 de março de 2012
Mesmo sem ter passado o carnaval em Carangola, pude sentir o ritmo do Tá Quem Guenta e a euforia dos foliões pelas ruas da cidade…que delícia de texto! Prosa da Elaine costurada com os versos do João Francisco, amigos queridos que fazem a vida da gente ficar mais bonita, mais musical, poética… Quantas vezes fui atrás desse trio elétrico com minha irmã Renata dançando o frevo mineiro! Sua crônica me fez viajar no tempo e na história dos meus antigos carnavais, amiga! Adorei! Vc é uma cronista de mão cheia!!! bjs
Hélen Queiroz
5 de março de 2012
Mesmo sem ter passado o carnaval em Carangola, pude sentir o ritmo do Tá Quem Guenta e a euforia dos foliões pelas ruas da cidade…que delícia de texto! Prosa da Elaine costurada com os versos do João Francisco, amigos queridos que fazem a vida da gente ficar mais bonita, mais musical, poética… Quantas vezes fui atrás desse trio elétrico com minha irmã Renata dançando o frevo mineiro! Sua crônica me fez viajar no tempo e na história dos meus antigos carnavais, amiga! Adorei! Vc é uma cronista de mão cheia!!! bjs