Em 20 de março de 2012 por Jana Coimbra
Ao me deparar com um link no Facebook ilustrado com um pequeno quadradinho da VEJA e o comentário “para quem duvida do poder da internet e da população” me lembrei da minha primeira aula na universidade, em que um professor nos disse que estávamos na era das revoluções sem líderes, sem rostos. Hoje o que disse me parece uma profecia, ou talvez apenas uma certeza de quem já estudou o suficiente a história para imaginar o que viria pela frente. Antes as revoluções eram lembradas e conectadas a líderes como Che, Gandhi, Mandela… Líderes considerados super homens com o poder de mobilizar multidões e mudar o curso da história, que povoam nosso imaginário e nos fazem sentir omissos por não lutarmos contra as injustiças.
Hoje as notícias só mostram que todos podemos ser líderes, super homens, basta querer. Na era das revoluções silenciosas a arma é o mouse, temos em nossas mãos uma liberdade conquistada a muito custo e um conhecimento libertador que nos impulsiona a mudar tudo o que não é benéfico para nossas vidas. Hoje não adianta matar o líder, ele não pode ser delimitado, as ideias estão plantadas em varias pessoas de diversos lugares sem nenhuma conexão tangível, não é tão fácil sufocar um desejo de mudança, estamos protegidos pelo anonimato.
Como torturar e matar o líder da primavera árabe? Os ditadores mataram vários manifestantes, isso não os abalou. Como evitar que mais países se mobilizassem? Agora as pessoas do mundo todo se veem e se protegem, para a informação não existe fronteiras. O criador do Wikileaks mostrou o que deveria ser escondido e deram um jeito de prendê-lo, mas como lutar contra os hacktivistas do Anonymous e todos os mascarados? Sem a internet seriamos escravos da mídia comercial, não teríamos noção da magnitude das atrocidades que aconteceram na ocupação do Pinheirinho, não teríamos acesso ao blog de Yoani Sanchez sobre os abusos em Cuba, aos artigos da Aljazeera que iluminam fatos escuros de tanta mentira, e não teríamos como organizar tantos protestos através dos muitos “eventos” no Facebook e etc..
Os EUA foram os responsáveis pela difusão da internet pelo mundo, através dela consolidaram o capitalismo, o consumismo, difundiram seus ideais e indústrias, e agora que já difundiram tudo o que queriam querem limitá-la e controlá-la pois já perceberam o poder que a internet dá as pessoas, mas felizmente as propostas do SOPA e o PIPA não foram aprovadas. Também o poder e liberdade de manifestação da população sofrem ameaças. Quando é do interesse do governo se orgulham de ter um povo engajado, mas quando batem de frente com seus objetivos isso se torna um problema. Os Argentinos, famosos por sua luta e paixão por politica, tiveram que sair as ruas no ultimo mês contra uma lei repressiva e limitadora, que tenta evitar manifestações e passeatas, escondida por trás de uma lei anti-terrorista, e manifestações de Estudantes e Professores de Belo Horizonte foram recebidas por tropas de choque no ultimo semestre.
Entretanto, como toda grande invenção ela também possui impactos negativos. Somos escravos da internet, o consumismo é incentivado cada vez mais e através do que você posta no seu Facebook as indústrias sabem exatamente o que você espera e o que fabricar para te vender. O excesso de informação nos torna pessoas cada vez mais ansiosas e cientes de tudo um pouco, mas nada com aprofundamento. Bombardear as pessoas com informações é um meio muito eficaz de silenciar as vozes alternativas e acobertar fatos mais importantes, pois atraindo nossa mente para várias coisas ao mesmo tempo não nos focamos em uma coisa só, evitando que as pessoas se organizem ao redor de um objetivo comum. A internet nos aproxima do distante e nos distancia do próximo, e de nós mesmos. Mas cabe a cada um decidir entre usar, ou ser usado pela internet, utilizá-la para o bom e útil, ou para o que não é virtuoso e sim vicioso.
Espero que em 2012 não somente KONY seja preso, mas que o poder da internet e da população seja maior, mas com mais FOCO. Que a internet seja um instrumento de revolução e não de alienação, e que se preocupar e lutar pelos problemas das Crianças na África e de lugares distantes não signifique se cegar para os tantos problemas mais próximos e palpáveis, em sua própria casa, cidade, país, como os que aumentam com a aproximação da Copa do mundo de 2014. Vocês tem o mouse nas suas mãos… o poder é de vocês.
Laura Lourenço Quick de Lima
Hélen Queiroz
5 de abril de 2012
Laura, minha linda, qto orgulho de vc!!! Sensacional a sua crônica!!! Uma escrita forte, marcante! Texto atual, politizado, consistente!!! Parabéns, minha ex-aluna!!! Minha sempre querida Laura…
Hélen Queiroz
5 de abril de 2012
Laura, minha linda, qto orgulho de vc!!! Sensacional a sua crônica!!! Uma escrita forte, marcante! Texto atual, politizado, consistente!!! Parabéns, minha ex-aluna!!! Minha sempre querida Laura…
janacoimbra
2 de abril de 2012
Minha linda, você me orgulhou demais com sua primeira crônica.
Mandou Laurinha! Assino embaixo.
janacoimbra
2 de abril de 2012
Minha linda, você me orgulhou demais com sua primeira crônica.
Mandou Laurinha! Assino embaixo.