Em 16 de junho de 2013 por Rafael Fava Belúzio
É comum haver jornal embalando frutas na feira. Jornal no chão das casas em reforma. Jornal amparando fezes dentro da gaiola de passarinho. Já a crônica, essa literatura de jornal, não consegue sair das páginas grandes e cinzentas quando a folha do dia anterior vira utensílio doméstico. Nunca vi uma crônica pular das páginas indignada por acabar a vida embalando bananas. E quando ela é publicada na internet? Logo é esquecida, amontoada em porões de bits.
Mas, há um ano, uma crônica virou monumento aqui em Carangola. O texto “…e por falar em saudade…”, de Lauricy Belletti, pulou do Jornal da Cidade Online para uma placa colocada no começo do calçadão da Pedro de Oliveira. Até acontece de crônica sair da vida frágil dos jornais e acabar dentro de livros, objetos mais duráveis. Mas ser gravada em placa não é lá tão cotidiano para esse gênero textual do cotidiano.
Não só o suporte do texto é agora mais perene. O conteúdo de “…e por falar em saudade…”, além de estar sim interessado no momentâneo, também é mais durável. Isso pode ser notado nas referências do texto. Ele faz alusão à música de Vinícius de Moraes, à poesia de Manuel Bandeira, à alma encantadora de João do Rio. Fala um pouco sobre outro tempo da velha Rua XV. Remete ao antigo footing que ocorria por ali. Relembra pessoas do comércio, recorda lojas.
A recordação foi importante também no processo de feitura da crônica. Em conversa com Lauricy Belletti, ela revelou como nasceu o texto. Foi no entardecer de um domingo, pouco antes de ir à missa das seis. Sentada no sofá de sua casa, a autora puxou algumas folhas, pegou a caneta e deixou ela correr sobre o papel enquanto rememorava pessoas e lugares da velha Pedro de Oliveira. As frases, por vezes alongadas pelo fio das lembranças, foram sendo tecidas ainda sem paragrafação. Esta veio mais tarde – recortes, ajustes, pequenos acertos. Logo em seguida “…e por falar em saudade…” estava na página virtual do Jornal da Cidade.
Nascida ao correr da pena, vivendo ao correr dos pés do calçadão, a crônica de Lauricy Belletti merece sim estar no Lado A do monumento. Há muito desconfio que a crônica seja o melhor gênero literário para falarmos sobre Carangola.
J.Rosa Fava
23 de junho de 2013
Parabéns Rafael! Carangola deve mesmo se orgulhar de seus jovens e talentosos escritores. Muito bom!
J.Rosa Fava
23 de junho de 2013
Parabéns Rafael! Carangola deve mesmo se orgulhar de seus jovens e talentosos escritores. Muito bom!
Manuela Furtado
17 de junho de 2013
Belo texto, Rafael!
Manuela Furtado
17 de junho de 2013
Belo texto, Rafael!
Bianca
16 de junho de 2013
Sinceramente , que bela colocação, que reflexão, que pontuação. Digo, pontuar um fato, um cuidado.Amei!
Bianca
16 de junho de 2013
Sinceramente , que bela colocação, que reflexão, que pontuação. Digo, pontuar um fato, um cuidado.Amei!
Vinicius Rodrigues
16 de junho de 2013
Realmente a crônica talvez seja uma das melhores formas de dizer sobre Carangola. Parabéns pela “meta-crônica” Belúzio!
Vinicius Rodrigues
16 de junho de 2013
Realmente a crônica talvez seja uma das melhores formas de dizer sobre Carangola. Parabéns pela “meta-crônica” Belúzio!
Adilson Machado
16 de junho de 2013
O texto transcende as margens quando com mínimas linhas trata do breve histórico do Carangola (MG).
Adilson Machado
16 de junho de 2013
O texto transcende as margens quando com mínimas linhas trata do breve histórico do Carangola (MG).