Em 13 de janeiro de 2015 por Renan Menicucci
Nós carangolenses sabemos a medida certa das coisas e disso somos feitos: de medidas certas.
Classifique a nossa essência como quiser. Se é bom ou ruim não cabe a mim dizer. Vejo este jeito de ser apenas como um referencial.
As principais vítimas desta nossa medida certa são os bares. Sim, os bares. Quando inaugura, enchemos o estabelecimento quase todos os dias com quase todos os conhecidos. Fazemos deste bar nossa casa. Mas depois de alguns meses, paramos de ir subitamente. Nada de gradativo para não transbordar o pote. Aproveitamos na medida certa. Por isso, bares abrem e fecham em Carangola com tanta frequência.
Outro exemplo deste cálculo frio da medida é as nossas relações. Nos últimos 8 anos eu já rodei pelas mais diversas tribos da cidade. Não, isso não é crise de identidade. Isso é questão de sugar o que pode de algo e depois não ficar chupando bagaço.
Sacudimos uma árvore e enquanto caem frutos que nos agradam, ficamos ali. Em outras palavras, enjoamos muito rápido dos nossos amigos e logo damos um jeito de arrumar outros.
A nossa medida certa também fica nas escolas: conheço pelo menos 10 que mudaram de escola ao menos 4 vezes no ensino Médio. E olha que o ensino médio é composto de 3 anos e a cidade oferece apenas 6 escolas.
Dos namoros nem prefiro falar. Deixo você analisar quantas vezes o garoto muda no ano a foto de perfil do Facebook beijando uma garota.
Vivemos em um neo carpe diem e não temos ideia disso. Muitos só vão reparar isso agora e verão que ali, onde era um bar, virou uma igreja pentecostal que tem em sua placa a foto da pastora de 20 e poucos anos com uma blusa vertiginosamente decotada.
Entrando nesse assunto, há carangolenses que mudam suas crenças assim que encerra o culto religioso. Esta medida certa de aproveitar as coisas é magnífica.
Como você viu, mudamos muito e o tempo todo nos mais diversos patamares. Não são mudanças verticais, mas sim horizontais e estamos cada vez mais distantes do horizonte do desenvolvimento.
Nossa mudança é de desgraça pra desgraça. O carangolense que vai para a graça me mande um e-mail. Eu quero aprender com você como se faz isso.