Em 16 de julho de 2013 por Rafael Fava Belúzio
Inventei “carangolidade” já faz tempo. Saiu certa vez quando conversava com Randolpho Radsack. Andávamos em frente à praça da Matriz falando de brasilidade, mineiridade… e apareceu a carangolidade. Pouco depois registrei a palavra numa crônica do jornal O Interior. Chegamos, Randolpho e eu, a falar o termo com Paulo Mercadante, que desenvolveu a ideia antes de haver a palavra. No princípio era Mercadante. Depois veio a carangolidade. Só então apareceu o verbo.
Eu carangolo. Tu carangolas. Ele carangola. Nós carangolamos. Vós carangolais. Eles carangolam.
O verbo “carangolar” apareceu, no gerúndio, numa crônica da Ludimila Beviláqua. Depois, também no gerúndio, ocorreu num poema da Bianca Jabour. Costumo preferir o termo, contudo, quando dito na terceira do singular. É sempre ele, que já não está mais aqui, quem carangola. Melhor carangola quem se foi no tempo ou no espaço.
Mas acontece que temos carangolado. A goles curtos – poemas, conversas, crônicas. Todo carangolense carangola, na verdade. Os textos escritos apenas procuram sintetizar isso, mas a cidade propicia momentos carangólicos. Nas noites tediosas de sábado, na vontade de fazer alguma coisa e não saber o que fazer, na saudade de algo perdido sem reconhecer o que se perdeu, na falta de rumo…
Por exemplo: o verbo “carangolar” cai bem (porque cair é com ele mesmo) em várias situações: “Vi fulando carangolando ali na praça”, “Era domingo, carangolava”. Pode também, no fim da tarde, dizer que o sol carangolou no horizonte. Assim como o outono, esse carangolante, carangola folhas no chão. Ou diga apenas: a lua minguante carangola – intransitiva.
Pensando bem, o verbo aceita ainda o passado com facilidade. “Quando nós carangolávamos…” – todo mundo já ouviu algum idoso carangolense dizendo isso, embora no final da vida ele carangole. É igual depois do almoço, quando dá aquela carangolice na gente… aí é hora de carangolar na cama.
Falar nisso, me deu uma carangolinha agora… Acho que vou ali pro quarto, porque já tô carangolando…
Rafael Fava Belúzio
7 de agosto de 2013
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/122478-crise-na-europa-estimula-neologismos.shtml
Rafael Fava Belúzio
7 de agosto de 2013
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/122478-crise-na-europa-estimula-neologismos.shtml
Gabriel Resgala
24 de julho de 2013
“Minha terra tem palmeiras que carangolam sobre os carros. Vez ou outra encontro algum paralelepípedo aqui que carangola, mas eles realmente não carangolam como lá…”
Gabriel Resgala
24 de julho de 2013
“Minha terra tem palmeiras que carangolam sobre os carros. Vez ou outra encontro algum paralelepípedo aqui que carangola, mas eles realmente não carangolam como lá…”
Ludimila
18 de julho de 2013
Carangolando no gerundio, mas sem gerundismos,né Rafa? Acho que andamos descarangolando ladeira abaixo,companheiro! Ainda há tempo?
Ludimila
18 de julho de 2013
Carangolando no gerundio, mas sem gerundismos,né Rafa? Acho que andamos descarangolando ladeira abaixo,companheiro! Ainda há tempo?
Solange
17 de julho de 2013
Que incrível! Amei o texto! Parabéns! Carangolar deve ser realmente tudo de bom!
Solange
17 de julho de 2013
Que incrível! Amei o texto! Parabéns! Carangolar deve ser realmente tudo de bom!
Wilman Netto
17 de julho de 2013
Aêêê! Até que enfim saiu! Saudade de carangolar aos sábados a noite na praça. Muito bom, Rafa.
Wilman Netto
17 de julho de 2013
Aêêê! Até que enfim saiu! Saudade de carangolar aos sábados a noite na praça. Muito bom, Rafa.
Adilson Machado
17 de julho de 2013
Sim. É possível carangolar desde que haja um homem ou mulher Carangola.
Adilson Machado
17 de julho de 2013
Sim. É possível carangolar desde que haja um homem ou mulher Carangola.